Estou na cozinha da nossa pequena casa de madeira. Vejo minha mãe -uma baiana que está há tantas décadas em São Paulo que já nem lembra que nasceu em outro estado- ao fogão. Ela está fritando grandes batatas cozidas, recheadas com uma fatia de mortadela: uma iguaria que, depois de adulta, fiquei sabendo que se chama “batata cansada”. Sei que bebemos tubaína. Aquela da garrafa de vidro marrom, que tinha no rótulo um desenho de frutinhas para mostrar que era sabor “tutti frutti”. Muitos fogos, muito barulho. E um cachorro vira-lata bem guaipeca, preto de patas amarelas, que, como a maioria dos cachorros da época, era batizado de Duque. Pela porta da sala, vejo meu pai, um funcionário público do baixíssimo escalão, e nosso vizinho eufórico. Acho que estão carregando bandeiras. Sei que vamos todos sair no nosso fusca cor de vinho, que tinha um adesivo do Fred Flintstone e era chamado de Canejão. Vamos nos juntar aos muitos carros que já buzinam nas ruas desta cidade periférica.
Mas lembro, sobretudo, da alegria. Uma tão grande alegria que não se podia explicar a uma criança tão pequena. Eu tinha, em 1977, apenas 4 anos e olhava os adultos encantada com sua euforia.
Poderia enumerar mais um grande número de razões. Mas esta pequena lembrança, da quebra do jejum de 23 anos (na verdade, foram 22 anos, 8 meses e 7 dias) sem título, escurecida pelo tempo como uma foto mal fixada, é suficiente. Este pequeno registro afetivo me basta para compreender porque sou corintiana. E porque sempre serei.
Mas lembro, sobretudo, da alegria. Uma tão grande alegria que não se podia explicar a uma criança tão pequena. Eu tinha, em 1977, apenas 4 anos e olhava os adultos encantada com sua euforia.
Poderia enumerar mais um grande número de razões. Mas esta pequena lembrança, da quebra do jejum de 23 anos (na verdade, foram 22 anos, 8 meses e 7 dias) sem título, escurecida pelo tempo como uma foto mal fixada, é suficiente. Este pequeno registro afetivo me basta para compreender porque sou corintiana. E porque sempre serei.
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