OS OBCECADOS. Alguns são pelo equipamento. Mal ouviram falar de um lançamento com um 0,0001 mp a mais e já estão atrás da BH fazendo sua encomenda. Me lembro de um que tinha sempre a Cannon mais nova, com duas dúzias de lentes. E um dia ele mesmo confessou que não sabia para que tudo aquilo, se na época o que ele estava fazendo era o passo a passo pra uma revista de ‘ponto em cruz’.
Outros são obcecados pela própria fotografia. Não falam outra coisa. Conheci um rapaz que estava começando a fotografar. Era namorado de uma amiga do meu namorado. Nos encontrávamos em festas de amigos em comum e passávamos a noite toda ‘conversando’. Na verdade, ninguém tinha paciência com o rapaz: ele até era gente boa, mas só falava de fotografia. Então meu namorado, que era fotógrafo, saía de fininho. A namorada dele também. E restava a mim, pessoa tolerante e generosa, ouvir o moçoilo monologar durante horas sobre todas as suas reflexões, dúvidas e pretensões com relação ao seu único assunto. Alguns anos depois, nos encontramos casualmente numa livraria e ele me contou que estava namorando uma bailarina. Me surpreendi de ouvi-lo pela primeira vez falar de outro assunto. Aí a conversa foi indo até ele contar que, então, agora estava fotogrando balé. Pois é.
OS ANGUSTIADOS: às vezes, a angústia é com a fotografia. Eles olham, olham... E pensam que poderia ter ficado melhor, que não souberam aproveitar bem a ocasião, que o editor não soube escolher, que a impressão ficou ruim... Outros se angustiam com a relação do fotógrafo com o objeto fotografado. O rapaz vai lá numa comunidadezinha distante e volta se sentindo um ladrão de almas, perguntando a si mesmo e ao resto do mundo qual foi a contrapartida social deste trabalho. Acham que podem usar a fotografia para mudar o mundo. Mas, no fundo, não usam. Apenas se angustiam. Outras já extrapolam: estão angustiados é com a vida mesmo. Fazem da fotografia sua forma de expressão porque precisam muito expressar seu próprio “eu”, sabe? Ok! Eles costumam ser pessoas do bem! Mas, cá entre nós, prefiro os mais felizes.
Também não tenho muita paciência com os MENINOS PRODÍGIOS. São criativos, ousados, antenados. Mas geralmente tem uma empáfia! Compreendo bem que alguém que já tem fama de bom profissional antes de completar 30 anos fique um pouco deslumbrado. Mas me lembro que, não sei quando nem onde, o Pedro Martinelli disse que só se considerou fotógrafo depois de 10 anos de profissão. Acredito que tenha mais relação com a postura que se adquire com a experiência do que com o resultado técnico-estético das fotos. O bom é que os jovens talentos, com o tempo, vão percebendo que há mais coisas entre a câmara escura e o fundo infinito do que julga sua vã sabedoria. E vão se tornando pessoas menos arrogantes e, portanto, mais simpáticas e interessantes (talvez por isto os meus preferidos sejam os mais velhos).
Outros são obcecados pela própria fotografia. Não falam outra coisa. Conheci um rapaz que estava começando a fotografar. Era namorado de uma amiga do meu namorado. Nos encontrávamos em festas de amigos em comum e passávamos a noite toda ‘conversando’. Na verdade, ninguém tinha paciência com o rapaz: ele até era gente boa, mas só falava de fotografia. Então meu namorado, que era fotógrafo, saía de fininho. A namorada dele também. E restava a mim, pessoa tolerante e generosa, ouvir o moçoilo monologar durante horas sobre todas as suas reflexões, dúvidas e pretensões com relação ao seu único assunto. Alguns anos depois, nos encontramos casualmente numa livraria e ele me contou que estava namorando uma bailarina. Me surpreendi de ouvi-lo pela primeira vez falar de outro assunto. Aí a conversa foi indo até ele contar que, então, agora estava fotogrando balé. Pois é.
OS ANGUSTIADOS: às vezes, a angústia é com a fotografia. Eles olham, olham... E pensam que poderia ter ficado melhor, que não souberam aproveitar bem a ocasião, que o editor não soube escolher, que a impressão ficou ruim... Outros se angustiam com a relação do fotógrafo com o objeto fotografado. O rapaz vai lá numa comunidadezinha distante e volta se sentindo um ladrão de almas, perguntando a si mesmo e ao resto do mundo qual foi a contrapartida social deste trabalho. Acham que podem usar a fotografia para mudar o mundo. Mas, no fundo, não usam. Apenas se angustiam. Outras já extrapolam: estão angustiados é com a vida mesmo. Fazem da fotografia sua forma de expressão porque precisam muito expressar seu próprio “eu”, sabe? Ok! Eles costumam ser pessoas do bem! Mas, cá entre nós, prefiro os mais felizes.
Também não tenho muita paciência com os MENINOS PRODÍGIOS. São criativos, ousados, antenados. Mas geralmente tem uma empáfia! Compreendo bem que alguém que já tem fama de bom profissional antes de completar 30 anos fique um pouco deslumbrado. Mas me lembro que, não sei quando nem onde, o Pedro Martinelli disse que só se considerou fotógrafo depois de 10 anos de profissão. Acredito que tenha mais relação com a postura que se adquire com a experiência do que com o resultado técnico-estético das fotos. O bom é que os jovens talentos, com o tempo, vão percebendo que há mais coisas entre a câmara escura e o fundo infinito do que julga sua vã sabedoria. E vão se tornando pessoas menos arrogantes e, portanto, mais simpáticas e interessantes (talvez por isto os meus preferidos sejam os mais velhos).
Mais risos, ótimos textos, só faltou o fotógrafo freudiano, aquele que só usa lentes bem grandes, em qq lugar . Lord Farquad kkkk
ResponderExcluirAh, pera aí! Esqueci de por um texto sobre eles! Vai no próximo!
ResponderExcluirMônica,
ResponderExcluirMuito engraçado. Tudo que voce escreveu é pura verdade.Hoje, eu diria que os 10 primeiros anos servem para o fotógrafo descobrir que foi um chato todo este tempo e não prestou atenção em nada, só arranhou, e
para fazer foto boa não precisa de câmera. Ah, tambem vai aprender que deixar a mão de uma pessoa maior que a cabeça é feio.
Pedro Martinelli
Ótimos textos! E sobre os "Meninos Prodígios", um detalhe que sempre me incomoda em seus sites/portfolios é quando dizem "...fotógrafo autodidata...". Alguém que com empáfia diz que nunca aprendeu nada com outra pessoa, eu já começo olhando com receio.
ResponderExcluirPoxa Monica,
ResponderExcluirvc. andou fazendo exatamente o que ultimamente, para fazer analises tão precisas das pessoas que tem esse oficio de fotografar? que coisa!!!
um striptease, esse post do Vestido.
Usando a historia dos dez anos de profissão contada pelo Pedrão, lembrei de uma do Salgado, grande amigo do PM, alias, sobre o tema.
Falavamos sobre isso, quando ele me disse que antes do 35 anos "vc. não eh ninguem no fotojornalismo". Refiz a pergunta 15 anos depois e veio resposta "ântes do cinquenta, vc. não eh ninguem no fotojornalismo..."
Dureza... só por amor mesmo (à existência, óbvio), porque continuar cavando entre pedregulhos por necessidade depois dos 50 é soda.
ResponderExcluirAbs.
Monica, muito bom o post. O dia do fotógrafo não poderia ter um texto mais conveniente, um retrato de nós mesmos hahaha. Aproveito para parabenizar pelo blog! Abraços, Camila
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