Ontem, voltando de São Paulo para Itapecerica, passei por alguns trechos alagados. Pequenos lagos formados em meia hora de chuva que já interditavam a Régis Bittencourt. E mais chuva que caía sem parar, como tem sido há praticamente um ano.
Na verdade, tenho vários textos que gostaria de colocar neste blog. Quase todos sobre amenidades, futilidades e besteiridades. Mas tem uma sombra de pequena tristeza que vem me perseguindo nestes dias. Tenho me mantido informada sobre as enchentes dos últimos dias, mas evito ler detalhes das notícias. É um novo hábito que estou adotando: sempre me abalo demais com este tipo de assunto, então evito me aprofundar. Mas desta vez não pude escapar. Meu irmão, que trabalha num órgão ligado ao Condephaat, esteve sexta-feira em São Luiz do Paraitinga com um grupo de técnicos. Pessoa alegre, de ótimo humor, chegou em casa no sábado visivelmente abalado. Impressionado com o tamanho da destruição. Vi seu semblante cansado falar sobre pessoas que perderem tudo, de casas alagadas até o segundo andar, de roupas penduradas nos fios elétricos como se estivessem num macabro varal. Carros e eletrodomésticos tombados sob os destroços de igrejas seculares. E da fuga das pessoas, de suas casas para uma escola, da escola para a igreja, enquanto a água ia subindo, derrubando tudo no seu caminho ascendente. Ele não conheceu a cidade antes e agradeceu por isto. Seria muito dolorido presenciar este cenário que lhe pareceu de guerra depois de ter visto de pé as construções, testemunhas de uma longa história. Por outro lado, no mesmo dia falei por telefone com minha irmã, que morou por dois anos em São Luiz. E que há dias tentava desesperada falar com seus amigos de lá sem conseguir. Ela agradecia não ter visto a bela cidade agora, transformada em escombros.
Eu, no meio destas duas angústias, sei que isto é muito pouco perto da dor de quem morava na cidade e que agora se encontra desabrigado, buscando força para enfrentar a reconstrução de sua vida. No ônibus, vendo os riscos da chuva que caía triste no início da noite, fiquei triste também, com este pequeno peso das tragédias que nos cercam a todos. Há um motivo maior para elas acontecerem? Uma lição? Um aviso? Não vou procurar estas respostas, mas estou convencida de que uma bonita história de superação já começa a ser escrita.
Me sinto um pouco patética em me dizer triste e não fazer nada para ajudar... vou pelo menos divulgar o endereço de um projeto de pessoas que estão, de fato, fazendo alguma coisa: http://projetoenchentes.radioramabrasil.com/sobre/
As fotos são todas do meu irmão, Eduardo Canejo. Ou simplesmente Canejo, como todo mundo chama.
Na verdade, tenho vários textos que gostaria de colocar neste blog. Quase todos sobre amenidades, futilidades e besteiridades. Mas tem uma sombra de pequena tristeza que vem me perseguindo nestes dias. Tenho me mantido informada sobre as enchentes dos últimos dias, mas evito ler detalhes das notícias. É um novo hábito que estou adotando: sempre me abalo demais com este tipo de assunto, então evito me aprofundar. Mas desta vez não pude escapar. Meu irmão, que trabalha num órgão ligado ao Condephaat, esteve sexta-feira em São Luiz do Paraitinga com um grupo de técnicos. Pessoa alegre, de ótimo humor, chegou em casa no sábado visivelmente abalado. Impressionado com o tamanho da destruição. Vi seu semblante cansado falar sobre pessoas que perderem tudo, de casas alagadas até o segundo andar, de roupas penduradas nos fios elétricos como se estivessem num macabro varal. Carros e eletrodomésticos tombados sob os destroços de igrejas seculares. E da fuga das pessoas, de suas casas para uma escola, da escola para a igreja, enquanto a água ia subindo, derrubando tudo no seu caminho ascendente. Ele não conheceu a cidade antes e agradeceu por isto. Seria muito dolorido presenciar este cenário que lhe pareceu de guerra depois de ter visto de pé as construções, testemunhas de uma longa história. Por outro lado, no mesmo dia falei por telefone com minha irmã, que morou por dois anos em São Luiz. E que há dias tentava desesperada falar com seus amigos de lá sem conseguir. Ela agradecia não ter visto a bela cidade agora, transformada em escombros.
Eu, no meio destas duas angústias, sei que isto é muito pouco perto da dor de quem morava na cidade e que agora se encontra desabrigado, buscando força para enfrentar a reconstrução de sua vida. No ônibus, vendo os riscos da chuva que caía triste no início da noite, fiquei triste também, com este pequeno peso das tragédias que nos cercam a todos. Há um motivo maior para elas acontecerem? Uma lição? Um aviso? Não vou procurar estas respostas, mas estou convencida de que uma bonita história de superação já começa a ser escrita.
Me sinto um pouco patética em me dizer triste e não fazer nada para ajudar... vou pelo menos divulgar o endereço de um projeto de pessoas que estão, de fato, fazendo alguma coisa: http://projetoenchentes.radioramabrasil.com/sobre/
As fotos são todas do meu irmão, Eduardo Canejo. Ou simplesmente Canejo, como todo mundo chama.
Prezada Monica. Li seus textos hj. Gostei de todos. Esse em especial me tocou pois, como você e muitos brasileiros, senti uma pequena grande tristeza nos dias de chuva que tivemos nesse verão. Como você, escrevi sobre esse sentimento em 17/12/09. Gostaria de compartilhar: " Chove chuva, chove sem parar... Adorável canção, adorável barulho da água caindo lá fora. É uma pena que ela cause tantas perdas, dor e desesperança a muitas pessoas. O som que escuto lá fora não é o mesmo do meu coração. Lá, o refrescante e agradável som da chuva de verão. Aqui, a tristeza pelos que não desfrutam do som lá de fora".
ResponderExcluirMarcia Ottoni