sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Dia do Fotógrafo: Tralhas

Tem também os fotógrafos que negam o flash. Não usam porque acham que a luz que está é a luz que deve ser usada. Alguns têm discursos bacanas. Outros pecam um pouco. Mas eu conheci um, gente boníssima e excelente profissional, numa viagem pelo Jequitinhonha, que dizia que até usou flash por um tempo mas não gostou. Preferia fazer as fotos com a luz que estava presente na cena. Imaginei que ele era um ‘purista’, apegado à luz natural. Então, na hora de sair para ir fotografar umas pessoas, ele pegou suas tralhas. Bolsa com as câmeras e lentes, tripé e... uma gigantesca luminária de luz contínua. Pois é, ele não usava flash, mas viajava carregando um monte de equipamento de estúdio. O engraçado foi na hora de ir embora, quando ele pegou o onibusinho que ia de Chapada do Norte para Diamantina. Foi preciso mobilizar todos os recém amigos – todos fotógrafos- para ajudá-lo com a bagagem. Compridas bolsas, lotadas de tripés e lâmpadas e etecéteras. Mais bagagem para uma semana do que eu levo para um mês.
Por falar em bagagem, é outro item curioso com relação a fotógrafos. Carregam tanta coisa! Conheço um que levava a fralda da filha (de pano e limpa, claro). E outro que não saía de casa sem levar vários livros, várias revistas, mapas e uma infinidade de outras coisas que era óbvio que ele não ia ter tempo de usar. E outro que, numa viagem a trabalho, foi barrado pela segurança do aeroporto na hora de passar pelo raio x. Porque além da câmera e de todas as lentes, filmes, filtros, flashes, caixinhas e caixonas, ele tinha na bagagem de mão duas chaves de fenda e dois estiletes. Mas não eram duas chavinhas de fenda, daquelas de relojoeiro, boas para emergências com o equipamento. Eram duas chaves enormes! E dois estiletes enormes (e por que dois?)! Ainda bem que estava no Brasil, porque em qualquer outro lugar ia ser difícil convencer que não era um terrorista ("Não, não...eu não vou fazer a comissária de refém, 'insh Allá' a minha barba caia se eu fizer algum mal com esta chave de fenda de meio metro. E, pelas virgens do profeta, esta é apenas minha coleção de estiletes, não são adagas!")

Um comentário:

  1. Tralhas... é assim mesmo - não mudam. Mas, nós, sim - mudamos. O tempo, senhor de tudo, nos cura também desse mal. Afinal, as costas doem, os torcicolos vêm, nos atrapalhamos e até perdemos fotos por causa da tralha. De repente concluimos que nossa melhor foto foi com uma leica M6, com uma 35 ou 50 no corpo.

    OBS. Blog bacana, esse; essa forma despojada de escrever é sensacional.

    Abs.

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